A educação em Natal apresenta problemas sérios. Falta de vagas, filas que varam madrugadas na hora de fazer matrícula, escolas com deficiências sérias em infraestrutura. Mas talvez a principal fragilidade esteja na desvalorização dos educadores. Neste quesito, é preciso considerar desde a baixa remuneração de professores, merendeiras, diretores de escola e demais funcionários, até a falta de transparência na gestão.
Voltemos ao último episódio. Durante o carnaval, o prefeito em exercício e presidente da câmara de vereadores, Edvan Martins, decretou a exoneração de 25 diretores e 5 vice-diretores de Centros de Municipais de Educação Infantil (Cmeis). Isso em pleno início de ano letivo, sem apresentar explicações consistentes quanto a critérios técnicos. Os diretores eram pouco produtivos? Cometeram algum tipo de equívoco? Serão substituídos por pessoas mais capacitadas? De forma serão substituídos?
Perguntas respondidas de maneira truncada. Fica para muitos a impressão de que se trata de “uma medida de perseguição política contra pessoas que não professam a linha partidária da prefeita Micarla de Sousa”, conforme lemos na reportagem do Diário de Natal. Curioso foi acompanhar as declarações do secretário de educação, Walter Fonseca. Ele disse a uma rede de TV: “precisamos de diretores, e não de motivadores da comunidade”. Que frase infeliz. Inúmeros especialistas em educação falam da importância de mobilizar a comunidade, envolver as famílias no processo ensino-aprendizagem.
Parece que Walter Fonseca, Micarla de Souza, Edvan Martins e seus correligionários pensam diferente de boa parte das pessoas. Será que a ideia dos gestores é lotear os cargos, indicando somente diretores e diretoras que apoiem a gestão do partido verde? Se isto ocorrer, teremos uma terrível ingerência sobre a educação, área delicada, que precisa de democracia e transparência, merecendo investimentos e boas ideias, em lugar da truculência.
Algumas soluções para o problema da educação no município
Eleição para diretores dos Cmeis – Ao chamar a comunidade para escolher os diretores, a comunidade abraça a escola, se envolve, busca participar e acompanhar as ações desenvolvidas no contexto escolar. Trata-se de uma verdadeira contribuição para a democracia, valorizando o espaço público. Diretores eleitos para os Cmeis, já!
Escola democrática – é preciso fortalecer os conselhos escolares, empregando diversas ferramentas. É preciso oferecer atividades formativas de modo sistemático para os conselheiros, garantindo que as pessoas estão capacitadas para participar de forma efetiva, construindo conhecimentos.
Acompanhamento das escolas – é importante conhecer, estudar e divulgar os problemas relativos às unidades de ensino. Para isto, é necessário é preciso estimular a fiscalização exercida pelos pais, dando transparência aos números que envolvem a educação. Este acompanhamento criterioso pode evitar a demora nas reformas dos prédios, acabar com a carência de vagas, eliminar as filas para matrículas. Claro, as melhorias também dependem de compromisso e seriedade dos gestores. Mas o conhecimento da realidade estimula a população a participar.
Diálogo constante com os sindicatos e movimentos sociais – Como é possível pensar a educação sem diálogo? O exemplo deve vir da prefeitura e da secretaria municipal de educação.
Estas são apenas algumas ideias importantes. Com a participação plena da sociedade, é possível construir muito mais.
Professores, gestores da rede municipal de ensino, Conselhos Escolares, além da comunidade, estão reagindo à medida da Prefeitura reclamando não terem sido ouvidos e pedindo eleições diretas de imediato para o cargo de diretor de CMEI.